Numa nota, a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) considerou que a "condução imprudente" da VMER do Hospital do Barreiro colocou "em risco a segurança de crianças e compromete o serviço público" e manifestou "profunda preocupação e indignação face a um episódio grave" naquela unidade hospitalar do distrito de Setúbal.
Segundo testemunhos, "em aparente celebração" do Dia da Criança, a "viatura foi observada a circular durante largos minutos a assinalar marcha de emergência" e "de forma totalmente imprudente a alta velocidade no parque de estacionamento e estrada de acesso junto à entrada para a Urgência Pediátrica", referiu a ANTEM.
"Inicialmente até pensei que era uma situação de emergência e que a VMER tivesse sido ativada" para "uma das entradas do hospital, algo que já aconteceu. Fomos levar a criança que trazíamos connosco à urgência e, quando saí, reparei que os populares estavam muito agitados com a situação", contou à Lusa o presidente da ANTEM, Paulo Paço.
O dirigente associativo, ao serviço de uma corporação de bombeiros da margem sul, disse que então percebeu que "andavam a fazer uma espécie de uma celebração do Dia da Criança, em que paravam à entrada principal do hospital", saía a criança que transportavam, "entrava uma outra criancinha para o lugar dessa" e voltavam a"fazer aquele circuito".
O dirigente da ANTEM salientou que algumas crianças iam "sentadas no colo da médica" e que assistiu ao simulacro de emergência "cerca de 10, 15 minutos", pondo "em risco todas as pessoas" que na altura circulassem naquela zona.
"Mantiveram-se sempre naquele circuito em que deixavam uma criança, pegavam noutra e andavam ali a assinalar a marcha de urgência", reforçou Paulo Paço, notando que, além da limitação para "uso de sinais sonoros dentro dos hospitais", é uma zona "em que as pessoas circulam".
"Têm um parque de estacionamento do lado oposto ao hospital, que ao fim de semana habitualmente até está vazio, porque é mais utilizado pelos funcionários, poderiam fazer isso lá, conduzir com uma velocidade diferente", acrescentou.
Paulo Paço frisou ainda que as crianças não tinham "dispositivos de segurança" dentro da VMER e que "iam literalmente no colo da médica", o que é "uma clara violação das normas de segurança rodoviária e de proteção de menores".
"Importa ainda sublinhar que a VMER é um meio de resposta do Sistema Integrado de Emergência Médica, que deve estar disponível ao segundo para responder a situações críticas", lê-se no comunicado, considerando que o uso indevido desta viatura, "colocando-a em circunstâncias que possam comprometer a sua operacionalidade imediata, representa um atentado à confiança da população no sistema de emergência e um desrespeito pelos princípios fundamentais do serviço público de saúde".
O presidente da ANTEM adiantou que vai participar o caso ao Ministério da Saúde, ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e "registar uma queixa no portal do INEM".
A Lusa tentou contactar o Hospital de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, mas não foi possível falar com qualquer responsável da unidade de saúde, bem como com o serviço de comunicação da Unidade Local de Saúde (ULS) Arco Ribeirinho.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do INEM disse desconhecer a situação relatada pela ANTEM e remeteu respostas para a ULS.
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