As forças israelitas "lamentam qualquer dano a indivíduos não envolvidos e não atacam jornalistas enquanto tal", disse o comando militar num comunicado citado pela agência de notícias EFE.
"O chefe do Estado-Maior ordenou que uma investigação preliminar fosse realizada o mais rápido possível", referiu.
O exército confirmou o ataque de hoje "na zona do Hospital Nasser, em Khan Younis", no sul da Faixa de Gaza, sem especificar o motivo.
Ao longo da guerra em Gaza, Israel matou dezenas de jornalistas, trabalhadores humanitários e pessoal médico, que costuma acusar de serem membros do grupo extremista Hamas ou de representarem algum tipo de ameaça para as tropas.
As agências de notícias Associated Press (AP) e Reuters, e a televisão do Qatar Al Jazeera confirmaram a morte de trabalhadores ou colaboradores no ataque contra o hospital de Khan Younis.
O ataque consistiu em dois impactos, o primeiro dos quais matou um operador de câmara contratado pela Reuters, Hussam al-Masri, que estava no local a trabalhar.
A Reuters informou que a transmissão ao vivo do hospital operada por Al-Masri foi interrompida repentinamente no momento do primeiro ataque.
Após o bombardeamento, outros jornalistas e socorristas correram para o ajudar, quando aconteceu o segundo impacto, de acordo com imagens transmitidas em direto pelo canal egípcio Al Ghad.
Os restantes jornalistas mortos foram identificados como Mariam Dagga, uma fotojornalista 'freelancer' de 33 anos que trabalhava para a AP, Mohammed Salam, fotojornalista da Al Jazeera, e Moaz Abu Taha, da cadeia norte-americana de televisão NBC.
O fotógrafo Hatem Khaled, também contratado pela Reuters, ficou ferido, disse a agência britânica.
"O primeiro ataque teve como alvo o quarto andar do complexo médico Nasser, seguido de um segundo ataque, enquanto ambulâncias chegavam para resgatar os feridos e mortos", afirmou o Ministério da Saúde de Gaza em comunicado.
O ataque também matou um estudante de Medicina, um funcionário de segurança do hospital e um socorrista da Defesa Civil de Gaza, disseram as autoridades locais.
Anteriormente, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e organização a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) tinham registado cerca de 200 jornalistas mortos desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023.
Na sequência do ataque de hoje, o diretor-geral da RSF, Thibaut Bruttin, exigiu o "fim da impunidade" de Israel.
"Até onde irão as forças armadas israelitas na ação de eliminação progressiva da informação em Gaza? Até quando desafiarão o direito internacional humanitário?", indignou-se Bruttin num comunicado citado pela EFE.
O Hospital Nasser é uma das últimas instituições de saúde ainda parcialmente funcionais na Faixa de Gaza.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do Hamas em 07 outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas, feitas reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.700 mortes em Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
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