Um frágil cessar-fogo entrou em vigor hoje na província de Sweida, onde a violência já causou mais de mil mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Este é o primeiro comboio a entrar depois dos últimos acontecimentos, e está atualmente na cidade de Sweida", disse à agência de notícias francesa AFP o porta-voz do Crescente Vermelho sírio, Omar al-Maliki.
O dirigente salientou que a entrada deste e de futuros comboios humanitários "foi coordenada entre os partidos do governo e as autoridades locais em Sweida", gerida por grupos drusos.
O comboio é composto por 32 veículos carregados de alimentos, material médico, combustível e sacos para cadáveres, para apoiar a cidade sitiada, que está sem água e eletricidade.
Já um segundo comboio organizado pelas autoridades sírias e composto por mais de 40 camiões de ajuda, acompanhado por três ministros, não conseguiu entrar em Sweida, segundo o governo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio declarou que "as milícias armadas sob o comando do xeque Hekmat al-Hijri impediram a entrada do comboio".
O xeque al-Hijri, um dos mais influentes dignitários religiosos drusos, foi alvo de críticas das autoridades por ter apelado à proteção internacional dos drusos e ter pedido ajuda ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Israel, que alberga uma minoria drusa, afirma querer proteger esta comunidade na Síria.
Em comunicado divulgado no domingo, o dignitário religioso afirmou que "toda a ajuda que chegue à província afetada de Sweida através de organizações e partidos internacionais é bem-vinda".
A violência opõe combatentes drusos a beduínos desde 13 de julho e, antes da intervenção das forças governamentais e de grupos tribais de outras partes da Síria, causou a morte de mais de 1000 pessoas, segundo o OSDH.
A morgue do hospital do governo em Sweida estava cheia e os corpos estavam espalhados pelo chão fora do edifício, segundo a AFP.
Os drusos são uma minoria religiosa da Síria, que segue uma fé abraâmica que tem traços próximos do judaísmo e do cristianismo, mas com hábitos culturais árabes.
Em Israel, existe uma grande minoria drusa judaica, tal como em vários países da região.
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