Maputo. Banco Mundial informa habitantes que energia está a chegar

Em Mwamatibjana, arredores de Maputo, Aurélio faz contas ao futuro ao ver a dez metros o último poste que levará a eletricidade a casa enquanto o presidente do Banco Mundial, que financia estas operações, lhe bate à porta.

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga visita bairro Mwamatibjan

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Lusa
20/07/2025 13:08 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Moçambique

"Nunca viram [televisão] de verdade, eu só mostro no telefone. Então, com televisão, eles vão ver muita coisa mesmo", começa por contar à Lusa, sobre a expectativa dos quatro filhos, crianças, com a chegada da eletricidade a casa onde vive há 14 anos, no município da Matola, arredores da capital moçambicana.

 

Desempregado, com 38 anos, a chegada da eletricidade à pequena casa, apenas em tijolo, onde vivem seis pessoas está por dias e Aurélio Arlindo já pensa em criar ali um pequeno negócio, servindo bebidas frias a quem passa naquele bairro, uma zona de expansão de Maputo.

"Está a chegar mesmo, estou a gostar muito. Vai-me ajudar. Já fiz a instalação, estou só à espera", atira, enquanto aponta para o poste e os cabos prontos a ligar a casa, no meio do bairro de Mwamatibjana, onde a eletricidade tinha ficado, na última contagem, a um quilómetro de distância.

Enquanto o negócio não chega e a energia está por dias, Arlindo recebe no seu quintal, nervoso, o presidente do Banco Mundial (BM), Ajay Banga, que está em Maputo, com foco nos projetos de energia que o grupo financia em Moçambique e que já permitiram elevar a taxa de cobertura de 31% da população em 2018 para 60% em 2024.

"Eu acho que esse é o poder da eletricidade, não é apenas ligar naquele momento, que um filho pode ser ensinado, mas também é o que lhe leva em termos de crescimento e oportunidade", sublinhou AJay Banga, após visitar nos arredores de Maputo os projetos que mudaram a vida de comunidades, famílias, empresas e pequenos empreendedores, com a chegada da energia.

Traduz-se em 9,5 milhões de moçambicanos a terem acesso a eletricidade pela primeira vez em seis anos, ao abrigo do programa governamental Energia para Todos, que tornou Moçambique num dos países de maior crescimento de eletrificação na África subsariana, segundo o BM.

Além de Aurélio Arlindo, Ajay Banga, que termina hoje uma visita de dois dias a Moçambique, conheceu o empreendedor Hermínio Guambe. A recente chegada da eletricidade ao bairro Siduava permitiu-lhe construir o negócio da farmácia e, ao lado, um salão de beleza, enquanto já preparava o crescimento.

"Com a eletrificação conseguiu manter os medicamentos na temperatura certa e, portanto, proporcionar uma experiência muito melhor [...]. Agora já está a preparar alguma coisa para o andar de cima", brincou Banga, depois de uma conversa prolongada com Aurélio, pedindo detalhes do negócio e deixando conselhos.

Numa área já com acesso a eletricidade há 30 anos, também nos arredores de Maputo, o presidente do BM visitou e destacou o caso da marca Nacional, que processa e distribuiu frango moçambicano em todo o país, com uma quota de mercado de 30%, dependendo de milhares de criadores nas várias províncias, além de 450 empregos nesta unidade.

"Essas são os tipos de coisas que nós, no Banco Mundial, devemos fazer. Ajudando pessoas como ele [administrador da Nacional], ajudando através dele o pequeno criador", apontou Banga, garantindo: "E eu acho que o nosso trabalho não é apenas a eletrificação, é o que a eletricidade permite. E isso é a criação de empregos e a criação de uma classe média. E é nisso que eu estou realmente interessado".

Moçambique pretende levar eletricidade a mais 600 mil casas este ano, ultrapassando as 563 mil ligações em 2024, segundo previsões do Governo. De acordo com a última atualização da Eletricidade de Moçambique (EDM), só no primeiro trimestre de 2025 foram concluídas 90 mil novas ligações à rede elétrica no país, já então o dobro da meta prevista para o mesmo período.

O Banco Mundial aprovou em março um financiamento de 100 milhões de dólares (86 milhões de euros) -- a que acresce 31 milhões de dólares (26,6 milhões de euros) da Noruega e Suécia -- para a terceira fase do programa de acesso a eletricidade à população moçambicana, prevendo mais 146 mil ligações.

"Este financiamento permitirá acelerar as iniciativas em curso para garantir o acesso universal à energia elétrica até 2030, beneficiando diretamente cerca de 700 mil pessoas", explicou a EDM.

Em causa está um financiamento ao projeto "Ascent" - Acelerando a Transformação do Acesso à Energia Limpa e Sustentável, uma nova fase do programa "Energia para Todos", a disponibilizar pela Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), parte do grupo BM , em colaboração com o Governo de Moçambique, segundo a elétrica estatal.

Leia Também: ONU estima que mais 1.200 pessoas fugiram de Macomia numa semana

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