"Os E3 (Alemanha, França e Reino Unido) estão em contacto com o Irão para agendar novas reuniões esta semana", indicou a fonte.
Os países europeus ameaçaram reintroduzir as sanções da ONU contra o Irão, caso aquele país não retome as negociações.
Na sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano defendeu que os europeus não têm "base moral e legal" para restabelecer as sanções.
"Se os E3 quiserem desempenhar um papel, devem agir com responsabilidade e abandonar o uso de ameaças e pressões, incluindo o 'snapback' [que permite o restabelecimento de sanções internacionais contra o Irão], para as quais não têm absolutamente nenhuma base moral e legal", lê-se numa publicação de Abbas Araqchi na rede social X.
O governante iraniano referiu, durante uma conversa telefónica na quinta-feira com representantes dos E3, que "foram os Estados Unidos que se retiraram de um acordo negociado de dois anos -- coordenado pela União Europeia em 2015 --, e não o Irão; e foram os Estados Unidos que abandonaram a mesa das negociações em junho deste ano e optaram por uma opção militar, e não o Irão".
"Qualquer nova ronda de negociações só será possível quando a outra parte estiver pronta para um acordo nuclear justo, equilibrado e mutuamente benéfico", declarou o ministro iraniano.
No âmbito do acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 (JCPOA) - denunciado pelos Estados Unidos, que deixaram de fazer parte, mas ainda em vigor para Irão, E3, China e Rússia - uma cláusula permite restabelecer as sanções da ONU contra Teerão em caso de incumprimento dos seus compromissos, o chamado mecanismo de 'snapback'.
Para poder ativar o mecanismo antes do término do JCPOA em outubro, os europeus querem avanços diplomáticos antes do final de agosto.
A 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa. A extensão exata dos danos é desconhecida.
Durante a guerra, Israel realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano. O Irão retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.
Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo internacional concluído em 2015 com as grandes potências, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump.
Para construir uma bomba, o enriquecimento precisa de ser elevado a 90%, segundo a AIEA.
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