Espanha. Grupo que apelou a "caçada" a imigrantes com ligações ao Chega

O grupo Deport Them Now (DTN), que incitou à violência contra imigrantes em Torre Pacheco, conta com uma vasta rede de ligações a partidos europeus de extrema-direita, entre os quais o Chega.

torre pacheco Espanha

© Olmo Blanco/Getty Images

Daniela Filipe
20/07/2025 12:12 ‧ há 4 horas por Daniela Filipe

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A organização Deport Them Now (DTN), que fez uso da rede social Telegram para apelar a "uma caçada" a imigrantes em Torre Pacheco, na Múrcia, tem uma densa rede de ligações a partidos europeus de extrema-direita, entre os quais o Chega.

 

De acordo com o El País, o grupo marcou presença na Cimeira da Remigração, evento que ocorreu em maio passado, em Gallarate, em Itália, e que reuniu cerca de 400 membros de organizações de extrema-direita a nível europeu, incluindo os partidos Alternativa para a Alemanha, Fórum da Democracia (Países Baixos), Partido Nacional (Irlanda), Reconquista (França), Liga (Itália) e Chega (Portugal).

Na edição do próximo ano, há já a intenção de incluir forças como o FPÖ (Áustria), Vlaams Belang (Bélgica), Democratas Suecos (Suécia) e Vox (Espanha).

Aliás, o diário espanhol detalhou que a plataforma de extrema-direita apoiou a manifestação "contra a islamização" convocada pelo partido de Santiago Abascal em Terrassa, Barcelona, a 22 de março. Depois, juntou-se ao Vox para conceber um cartaz que apelava a uma manifestação na Praça Kennedy, em Barcelona, no dia 28 de março, que visava exigir o encerramento do centro municipal de acolhimento de imigrantes em Sant Gervasi.

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Daniela Filipe | 17:38 - 13/07/2025

Aquele meio identificou a existência de 17 conversas por comunidade autónoma, com mais de 1.700 membros, sendo que a correspondente a Múrcia cresceu exponencialmente desde as agressões a um homem de 68 anos, em Torre Pacheco, por um trio de imigrantes.

Num comunicado em que justificava a “caça” aos imigrantes, o grupo acusou os “meios de comunicação social esquerdistas, comunistas e pró-imigração” de “proteger o criminoso magrebino”, em detrimento dos cidadãos espanhóis.

“A população espanhola não tem outra alternativa senão defender-se do criminoso invasor magrebino, que nos agride constantemente, viola as nossas mulheres e rouba e espanca os nossos idosos. […] Sabíeis perfeitamente que isto ia acontecer. Que o povo espanhol não iria tolerar mais agressões. Que o povo espanhol demonstraria a sua força, como temos demonstrado século após século. Não temos o direito de defender a Espanha? A nossa Constituição protege-nos: Artigo 30. Os espanhóis têm o direito e o dever de defender a Espanha”, lê-se.

A mesma nota reafirmava ainda “a convocação de patrulhas de bairro para perseguir os magrebinos delinquentes para os dias 15, 16 e 17 de julho”.

Saliente-se que foram detidas 14 pessoas desde sábado, entre elas os três suspeitos da agressão que serviu como rastilho ao clima de violência em Torre Pacheco, onde 30% da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira.

Outro dos detidos é o líder do DTN em Espanha, identificado como Christian Lupiañez, de 29 anos. O jovem ficou sujeito a prisão preventiva e é suspeito de crimes de incitação ao ódio, pertença a associação ilícita para cometer delitos discriminatórios e posse ilegal de armas, segundo um comunicado do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), região onde reside e foi detido.

Na quinta-feira, o governo espanhol deu conta de que a localidade regressou, aparentemente, à normalidade, mas que as forças de segurança vão manter um dispositivo especial em Torre Pacheco.

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Lusa | 09:20 - 15/07/2025

Leia Também: Torre Pacheco. Cem extremistas perseguiram jornalistas em manifestação

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