Proibido durante o governo da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina (2009--2024), o Jamaat-e-Islami voltou à ribalta desde a queda do seu executivo, em agosto passado, após semanas de motins violentamente reprimidos.
A par de outros movimentos islamitas, o Jamaat foi alvo preferencial da repressão da "dama de ferro", que mandou executar vários dos seus dirigentes e prender muitos dos seus apoiantes.
No mês passado, o Supremo Tribunal autorizou o Jamaat-e-Islami a participar nas próximas eleições legislativas, previstas pelo governo provisório para abril de 2026.
A concentração deste sábado em Daca é a maior organizada pelo partido islamita em muitos anos.
"Passámos por muito sofrimento nestes últimos quinze anos. Fomos presos e privados dos nossos direitos políticos. É um pouco como uma libertação", disse à AFP Mohammad Abdul Mannan, de 29 anos, um dos participantes.
"Estamos aqui em massa para apoiar as nossas reivindicações, entre elas a introdução da representação proporcional no parlamento", acrescentou, no meio da multidão.
O partido foi impedido de concorrer às eleições de 2013 por decisão dos juízes do Supremo Tribunal, que consideraram a sua carta fundadora contrária à Constituição laica do Bangladesh.
"Era meu dever, como muçulmano, estar presente. O Jamaat-e-Islami prometeu instaurar um Estado islâmico, e é por isso que estou aqui", afirmou Md Shafiqul Islam, de 58 anos.
O partido islamita apoiou o Paquistão durante a guerra que levou à separação e independência do Bangladesh, em 1971 --- um papel que continua a gerar indignação entre muitos habitantes.
"O Jamaat é injustamente acusado. Não fez mais do que defender a integridade da nação", afirmou, sob anonimato, um participante na concentração realizada hoje.
O Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), principal rival de Hasina, é apontado como o grande favorito das próximas eleições.
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