Filantropo Mo Ibrahim urge líderes africanos a "pôr casa em ordem"

O filantropo sudanês Mo Ibrahim urgiu hoje os líderes africanos a "pôr a casa em ordem" para passarem a ser mais autossuficientes, em vez de dependerem da ajuda externa de outros países.

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© Daniel Pier/NurPhoto via Getty Images

Lusa
01/06/2025 19:24 ‧ há 2 dias por Lusa

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"Chegou a altura de nós, africanos, compreendermos que temos de cuidar de nós próprios. Não é aceitável que dependamos da bondade e da generosidade dos outros. É um disparate, inaceitável e incerto", afirmou, durante um encontro com jornalistas durante a conferência Ibrahim Governance Weekend (IGW), organizada pela Fundação Mo Ibrahim, em Marraquexe. 

 

Ibrahim lamentou o crescimento do nacionalismo, que está a pôr em causa as antigas normas da ordem internacional e o respeito pelo direito internacional. 

Perante a multiplicação de conflitos e os cortes na ajuda externa pelos países ocidentais, Ibrahim defendeu que os países africanos devem usar os próprios recursos para impulsionar o desenvolvimento económico e social do continente.

"Temos de confiar nos nossos próprios recursos. Temos de nos organizar, temos de pôr a casa em ordem. Somos um continente muito rico, mas somos um povo muito pobre. Porquê? Porque estamos a gerir mal os nossos países, os nossos recursos, o nosso povo", vincou. 

O objetivo da conferência, que começa hoje e continua até terça-feira, "é galvanizar estas questões e tentar levar África a ser autossuficiente, confiante e independente", disse. 

De acordo com dados recolhidos pela Fundação Mo Ibrahim (MIF na sigla inglesa), a ajuda externa aos países africanos caiu 11 pontos percentuais na última década. 

Moçambique é um dos países mais afetados pela suspensão da maioria da ajuda externa dos Estados Unidos pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. 

O país africano lusófono sofreu um corte de 172 milhões de dólares (204 milhões de euros no câmbio atual), de acordo com dados da MIF até ao final de março, quase 50% do total dos programas da USAID no país. 

A saúde é dos setores mais afetados, nomeadamente o financiamento da saúde maternoinfantil, do planeamento familiar e da saúde reprodutiva, bem como a prevenção e do tratamento da malária e da tuberculose.

No relatório "Financiar a África que queremos", defende-se a reforma do sistema financeiro multilateral, mas também o aumento de impostos a nível interno e o combate à fuga de capitais. 

Segundo os autores, os países africanos já são dos maiores produtores de minerais, possuem grandes reservas de petróleo e gás natural e têm grande potencial na produção de energia solar, geotérmica e eólica. 

Mas a MIF identifica um grande potencial de crescimento na produção industrial, pescas e agricultura e refere os créditos de carbono e de biodiversidade como possível fonte de rendimento, graças à riqueza em termos de florestas, turfeiras e mangais.

No relatório também se sugerem medidas para reforçar a segurança de investidores privados em África, como a criação de uma agência de 'rating' e uma moeda única africana.  

O IGW 2025 realiza-se entre 01 e 03 de junho em Marraquexe, sob o tema "Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro".

Políticos, académicos e ativistas vão debater como podem os países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa.

Leia Também: "Pormenores ainda escassos". Deputado morto a tiro na África do Sul

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