Oceano Andrade da Cruz destacou-se no mundo do futebol não só pelo seu nome pouco comum, como pelo 'perfume' deixado em campo, sobretudo enquanto jogador do Sporting, até que resolveu 'abraçar' novas funções, desta vez como treinador.
Nascido em Cabo Verde, em 1962, o antigo médio acabou por se mudar para Portugal durante a sua infância, começando por dar os primeiros passos no desporto em 1976/77, ao serviço do Almada AC, onde esteve durante seis anos. Realizada a estreia como sénior já na reta final, eis que se seguiu uma passagem pelo Odivelas e só depois rumou ao Nacional, em 1983/84, em ambos os casos na II Liga.
A experiência de Oceano na Madeira, com cinco golos em 21 partidas junto a um 'mar' diferente ao de Portugal Continental, valeu uma preciosa atenção do Sporting, que o levou para a I Liga em 1984/85, afirmando-se rapidamente na equipa liderada por John Toshack, com João Rocha na presidência leonina.
Antigo médio representou o Sporting durante onze épocas, em dois períodos distintos.© Getty Images
Aliás, logo na primeira época em Alvalade, o antigo futebolista cumpriu o sonho de representar a seleção de Portugal, convocado por José Torres, para um particular diante da Roménia (derrota por 2-3), em janeiro de 1985.
O Sporting não teve os melhores resultados na década de 80, mas nem assim Oceano abandonou o barco, assumindo-se como capitão de um clube onde jogou durante sete épocas consecutivas, marcando golos em todas elas e participando em várias partidas da Liga Europa, em plantéis com nomes de peso como Luís Figo, Litos, Jorge Cadete e Paulinho Cascavel. Para além disso, acumulou internacionalizações atrás de internacionalizações (54 no total), sobretudo em fase de qualificação de Europeus e Mundiais, embora tenha tardado em chegar a uma fase final.
Oceano Cruz apontou oito golos em 54 partidas pela seleção de Portugal.© Getty Images
No verão de 1992, o ex-médio partiu em direção a Espanha, já com 29 anos, para alinhar pela Real Sociedad durante três temporadas, mas o regresso a Portugal não tardou em acontecer, novamente pela porta do Sporting, em 1995. Com uma veia goleadora mais afinada, o antigo internacional luso jogou e fez jogar durante quatro épocas, com direito à estreia na Liga dos Campeões e ainda uma participação por Portugal no Campeonato da Europa de 1996.
Aos 36 anos, Oceano Cruz despediu-se dos leões como um dos futebolistas com mais jogos disputados (401, com 47 golos) - sendo atualmente o sexto num ranking liderado por Hilário (474), atrás também de Rui Patrício, Vítor Damas, Manuel Fernandes e João Azevedo - e ainda três títulos: duas Supertaças Cândido de Oliveira (1987 e 1995) e uma Taça de Portugal (1995). Para acabar a carreira, o ex-futebolista quis 'deixar rasto' na Ligue 1, com uma passagem de uma época pelo Toulouse, em que não conseguiu evitar a descida à segunda divisão de França.
Oceano Cruz encontra-se a comandar os sub-20 de Portugal desde 2023.© Getty Images
Concluído o percurso como futebolista, Oceano demorou uma década até se aventurar como treinador, assumindo a seleção de sub-21 de Portugal em 2009, até que regressou ao Sporting, como adjunto de José Couceiro, em 2010/11. Ainda 'embarcou' como adjunto para a União de Leiria na época seguinte, mas voltaria a Alvalade, em 2012/13, numa atribulada temporada para os leões, em que não só comandou a equipa B (com sucesso) na II Liga, como ainda assumiu funções de interino na equipa principal - sem vitórias em nenhum dos quatro jogos - durante o mês de outubro.
Em 2014, Carlos Queiroz 'recrutou' Oceano para a sua equipa técnica à frente da seleção do Irão, até 2018, seguindo-se uma aventura ao lado do antigo selecionador nacional na Colômbia, entre 2019 e 2020. Foi preciso esperar até 2023 para que se desse o regresso às camadas jovens da seleção de Portugal, onde se encontra a treinar os sub-20 desde então.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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