O Amora é hoje um clube mais preparado para a Liga 3 de futebol, escalão ao qual assegurou o regresso no domingo, disse à agência Lusa o treinador da equipa do concelho do Seixal, Miguel Valença.
"Com o investimento externo que tem, do José Maria Gallego, o Amora tem sempre uma palavra a dizer em todas as competições em que entra. Acredito que vão muito mais preparados para a Liga 3 do que no ano transato", comentou o técnico dos 'azuis'.
O Amora garantiu o regresso ao terceiro escalão competitivo nacional, um ano após a descida de divisão, ao vencer na visita ao Fátima (2-1), na última jornada da Série B da Fase de Subida do Campeonato de Portugal.
O triunfo, assegurado com um golo do avançado João Oliveira, aos 88 minutos, precipitou a festa dos adeptos do Amora ainda nas bancadas do Campo João Paulo II, em Fátima, que se prolongou pela noite dentro com a chegada do autocarro da equipa à Amora.
"Estava muita gente, o que simboliza o feito não só para a cidade e para o clube, como também toda a envolvência que acabámos por gerar. Os adeptos mereciam pela forma como nos acompanharam, após uma época menos conseguida e uma descida ao Campeonato de Portugal, que nunca é fácil. Conseguir subir logo no ano a seguir é fantástico", exultou o treinador.
A descida de divisão, no final de 2023/24, obrigou o clube a "reestruturar-se de um ano para o outro", mas não reduziu a ambição de voltar imediatamente à Liga 3.
"Éramos uma equipa de Liga 3 e toda a gente nos rotulava de 'equipa para subir'. Nunca fugimos desse objetivo enquanto clube, equipa e grupo, mas também sabíamos que havia equipas muito mais preparadas financeiramente e com outras condições", salientou Miguel Valença.
O objetivo foi, por isso, assumido desde o primeiro dia, embora o discurso se escudasse, por vezes, na "gíria do jogo a jogo".
"Não nos leva a nada pensar e ter esse objetivo [de subir de divisão] a longo prazo se nós, a curto prazo, não fizemos o nosso trabalho bem feito. A questão de, muitas vezes, falarmos jogo a jogo é para termos um foco mais diário, mais semanal, para o nosso objetivo", justificou o treinador que chegou esta época à margem sul do Tejo, oriundo do Beira Mar.
Por isso, "a dificuldade de vencer o último jogo", na visita ao Fátima, que também ainda alimentava esperanças de subir à Liga 3, "foi a mesma de ganhar o primeiro" num campeonato onde "entre 64 equipas, sobem apenas quatro".
"A dificuldade é gigante, mas dependíamos só de nós. Esse foi sempre um fator positivo e a mensagem que passámos durante a semana", recordou Valença, que somou a segunda subida à Liga 3 no seu currículo, após conseguir o mesmo com o Anadia, em 2021.
Face a essa dificuldade, o técnico não hesitou quando questionado pela agência Lusa sobre qual foi a chave do sucesso: "a união do grupo", atirou, sem pensar duas vezes.
"Tivemos quatro ou cinco momentos de grande adversidade, onde só um grupo muito focado, forte e coeso pode conseguir ultrapassar e dar uma resposta cabal, logo nas semanas a seguir, para vincar bem o nosso objetivo principal", recordou o antigo guarda-redes, de 35 anos.
Quanto ao futuro, Miguel Valença acredita que os objetivos do Amora "poderão ser outros", mais ambiciosos do que a permanência na Liga 3, mas desconhece se irá continuar no clube.
"Não houve, ainda, conversas sobre essa possibilidade. Também estou num momento de descompressão, de fugir um bocadinho à rotina do futebol durante estes dois ou três dias e só depois vou pensar no futuro", revelou o treinador.
O Amora, clube sediado no concelho do Seixal, regressou no domingo à Liga 3, um ano após uma despromoção ao Campeonato de Portugal que representou um retrocesso na ambição do clube de regressar aos escalões profissionais.
O clube da margem sul do Tejo conta duas presenças na I Liga portuguesa, nas épocas de 1981/82 e 1982/83.
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